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Sobre o valor em si

Atualizado: 6 de jun. de 2023


Foto de Jan Huber na Unsplash

Concordo com meu amigo e sobrinho Cássio, quando diz que as coisas valem por si próprias e não necessitam de propósitos. Concordo plenamente que uma árvore não existe "para" dar sombra e frutos ao homem, mas para ser uma árvore, e só. Mas esta questão de valor é complicada. A árvore não existiria sem o sol, sem a chuva, sem a terra. Claro que também, em si mesmos, estes elementos não produzem uma semente, nem determinam, por si só, o seu desenvolvimento. O inquestionável é que sem estes elementos (e outros mais, não abordados aqui) a árvore não sobrevive. Logo, seu valor implícito na sua condição de árvore depende de outros elementos.


Decorre desta constatação voltar-me para o “mim mesma”. Este ser que me caracteriza como individual e único é multifacetado pela família, pela cultura, pelas relações, pela Igreja, Estado, pelo sustento da natureza que soe à nossa volta, e vai longe a coisa. O que me faz singular são minhas escolhas e meus atos, e isto envolve o universo, molda também outros e faz história, cria e recria o mundo. Aquela história de jogar uma pedra no lago aqui, e isto mover as águas do outro lado do Planeta. E as águas são muitas, já nos diz a Bíblia. Tantas que Deus separou-as pelo firmamento, as de baixo das de cima. Penso que as águas de baixo somos nós, na nossa concretude, em carne e osso e as de cima são nosso espírito emanando vida eterna. Porque somos inquestionavelmente limitados, mas semeados no infinito. Lá, nas águas de cima do firmamento, a Verdade se manifesta em sua grandeza e profundidade infinitas, e, aí sim, é algo em si mesma, ou seja, substância.


Daí a necessidade do valor em si, que confundimos com "eu sou eu, você é você, e salve-se quem puder!" Na verdade, as coisas se amarram umas nas outras, ou nelas e delas se desdobram, talvez, e constituem este caleidoscópio encantador que é a vida. Quando um for pelo universo e o universo for por um, o valor em si deixará de ser uma ideia humana mortal e se demonstrará como verdade e substância. Concordam? Discordam? É relativo? Depois deste mergulho nas águas virtuais do pensamento, só me resta pedir: borboleta azul, me leva pro Sul?


Borboleta azul - blog relâmpago, que nunca se transformou em trovão.

Postado em 17 de outubro de 2008, as 22, 27h, num Blog que já morreu.



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