Minha vida é um poço de palavras,
quisera fosse um ninho!
Minha medida é longa e funda,
para alcançar-me é preciso carinho,
descer às cordas tensas do meu coração.
Encontrarão um mundo sem razão
feito da beleza que não se alcança
como a criança que cresce só por fora
e nunca vai embora, guarda-se no mundo oco
que se faz aos poucos, cada dia
bem dentro de cada ser.
No meu poço de palavras faz escuro
e ainda assim pode ser belo,
menino, na opacidade de um corpo feito de pó,
mas soprado pelo fôlego divino.
Só e nu nasço a cada dia destas águas,
subo as cordas, cravando as minhas garras
até à superfície, e minha garganta grita,
chamando-te,
meu eu!
Divagações poéticas, do âmago da alma.