A vida não é boneca de pano.
É de carne e sangue
e tem garras que nos dilaceram.
Sei da angústia dos que buscam,
conheço a fome do desamparo,
mergulho fundo
e o vazio me cinge
me enlaça
me sufoca.
Que dizer do grito no fundo dos teus olhos?
Ai, o medo me encolhe
de volta à segurança do escuro.
Quero dormir profundamente,
cesse todo o som.
Perdure ainda por um instante
a cantiga de ninar
e depois o nada,
o esquecimento só.
Parede e porta
chão e teto delimitando abrigos
e a alma um ponto escuro
saltando órbitas
numa espiral atômica.
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