Meu caminhar lento, pesado e fundo
Com chinelos de chumbo
Vão macerando o chão
Desgastando as solas
E abrindo um vão
Buracos que adentram estrelas.
Descalço, leve e livre
Voo noite adentro.
Há estrelas também abaixo dos pés,
De um lado e doutro lado
Que eu nunca vira antes.
É que viro estrela, neste descobrir
Da alma, que na palma da minha mão
cria asas e consciência.
Ponto luminoso contido numa bolha
Sem borda, casca, tampa ou rolha.
Corda translúcida sem face, sem amarra
Nunca se desgarra de seu brilho lúcido.
Di’amante multifacetado,
Nunca se esfacela,
Amado e desejado sempre,
Nunca acorrentado numa cela.
É ao assim chamado Amor,
Que digo sim.
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