Se a consciência morre, nunca vamos saber disto, uma vez que o saber e o conhecer nos é dado através dela. Claro só se pode conjeturar a respeito da consciência humana, onde estacionamos nossa nave consciencial por determinado tempo, o que significa "corporificá-la". O estado de consciência se dá num corpo (a ciência fala que especificamente no cérebro) de onde parte sua pessoalidade, ou individualidade, com a prerrogativa de observar "fora de si" outros seres, semelhantes a si mesmo ou diferentes, cada um dentro de sua natureza e seus arrazoados. A consciência só tem vida diante dum existir de algo. E este existir se reduz a um corpo, ainda que abstrato. Porém este algo nada seria sem a consciência. Supor que exista um em si fora do alcance de nossa consciência é tão somente imaginar, supor. Nunca poderemos provar concretamente que algo seja ou não seja, se nossa consciência não for a intermediadora.
Na minha consciência ativa, como em qualquer uma outra, é preciso existir algo, um objeto, pessoa ou coisa, onde o eu é o observador. É uma relação binária, eu e a pedra, eu e o céu, eu e o ruído, eu e o silêncio, eu e o outro, sendo que este outro pode abarcar tudo o que existe, ou apenas o meu semelhante. Cada evento se manifesta separadamente, só se tem foco para uma coisa de cada vez. Porém nunca alcançamos o "em si" das coisas, uma vez que nosso filtro consciencial é tramado por conceitos. Uma cadeira não é cadeira para si mesma, só para nossa consciência. Somos limitados ao "para si", ou no caso, para mim. A própria consciência é alcançada como um conceito, ainda um "para si".
Diz-se diante disto que a consciência é vazia, só existe na relação com um objeto, mesmo que abstrato. Vejo que esta premissa se ampara numa visão absolutamente materialista, como se a coisa existisse separadamente da consciência. Mas, por outro lado, ninguém pode negar que tudo o que há derive da própria consciência, que ela seja a criadora (viva) da vida.
Entendo melhor este enigma pareando o SER e o EXISTIR. O SER é a consciência absoluta de sua manifestação no EXISTIR. Como uma semente, que ainda nada é de seu 'futuro', mas já é tudo presentemente, em potência. Só quando "existir", ou manifestar sua natureza, em forma, completará este duo inseparável - consciência simultânea de ser e existir.
Neste plano de entendimento, a morte não tem vez. O que chamamos de morte talvez seja o intervalo entre um flash e outro de consciência viva, para nosso senso ou conceito de mortais. O SER (Criador, por exemplo) EXISTE, na sua manifestação. O universo inteiro e infinito seria sua manifestação, incluso nós mesmos, como manifestação fidelíssima da perfeição Criador-e-Criatura. Ambos são eternos e inseparáveis.
O conceito "ambos" é apenas didático, para que seja melhor entendido. Ser e existir não são dimensionáveis numericamente, pois constituem uma só realidade. São diferentes apenas em forma, não em conteúdo. Como água em gelo e água líquida, ou em vapor - três formas diferentes do mesmo conteúdo.
O que me valho disto tudo? Entender que Consciência e existência são uma só coisa, o em si e o para si enlaçados, o Criador e a Criatura indivisíveis, inseparáveis e eternos. Neste âmbito a morte é tão somente ausência de vida. Completamente insano e absurdo é pensar que a ausência possa ter algum poder, a não ser quando romantizamos a ausência em "saudade". Mesmo assim, temos saudade da presença, não da ausência. A morte não tem concretude em si mesma, é uma suposição fantasiosa, uma hipótese insana, ou uma delusão. Estamos mergulhados em sono profundo. Acordemos! Coisa meio doida, mas sua logicidade me fascina.
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