Estou completamente desconectada de minha inspiração vendida. Tá faltando ar, oxigênio inspirativo. Preciso escrever. Vou morrer! Ao diabo engajamento, que bênção é saber-se não seguida!! Que delícia vagar no reino do anonimato!!! Seguir-me mesmo é só minha sombra, onde tiver luz eu vou!
Redes pra mim são as fibras do meu corpo errante, pensante sem palavras que aprisionam em expectativas, minhas ou dos outros. Gosto de me esfumaçar na errância. Lá tudo é silêncio. Coisa nenhuma fala. Quando a gente se extasia ou se indigna é só sensação. Coração pulsando, e alma rindo. Só rindo. Neste sítio, as palavras estão todas aprisionadas na mudez dos sons. É tudo cores, formas, texturas e até cheiro, vestido de um passar ligeiro pelas mucosas das narinas. Sensações apócrifas. De sons, só a música tem permissão pra entrar. O canto dos pássaros, o chiado das ondas, as corredeiras. O cheiro do capim pisado, o estrado do chão. O vento, e a fruta madura caindo. A gravidade sumindo, e definitivamente morta, no reino fugaz do virtual. Que tal, Mr. Algoritmo? Perdeu o ritmo? Mundo de números vazios. Que reinem títeres sem alma! Eu fora! Não estou no reino dos juízos falsos, guilhotina armada, sempre pronta a desabar no pescoço do inocente. Flutuo num direito que ninguém questiona. O de ser louca. Aqui estou a salvo de dar satisfações, prestar contas e me justificar. Sem palavras é meu manto e meu cetro. E viram que o rei estava nu. Na verdade, a rainha.
Os cães do vizinho ladram e as motocicletas passam na avenida, ensandecida ‘mente'. Motores estratosféricos abocanham meu silêncio. Acordo. Estou no exercício de escrever sem rédeas, o reino do tudo pode. Ufa!!! Quase que me perco e fico lá pra sempre!
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