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Foto do escritorirenegenecco

Com soantes

Foto de Hannah Wright

O que houve Senhor? Por que não me ouves?

Por que em mim sou parte espedaçada e despedaçada?

Ponho um ‘o’ genérico de ser nesta língua

masculina e feminina, hibrida e frígida,

onde homem se inicia  num ‘h’ de hora,

até chegar à ‘honra’ de apequenar-se diante do Criador,

não mais espedaçado-despedaçado.

É a língua molhada que interrompe os sons,

entre dentes e lábios e dão à luz pela boca

sons guturais em ancestrais palavras.

É para que um significado nasça

e se faça em fronteiras e nações

circunscritas em saliva e pranto.  

É meu canto. De esconder e de cantar.

Espedaço quando corto em partes

o que jamais será cortado.

Despedaço, quando espalho ao vento

o que jamais será difuso intento a esmo.

Mesmo que me pareçam sedutores

os senhores dos sons que esvoaçam

em espedaço e despedaço.

É tecitura em aço que me conforma,

não dos vis metais e suas combinações sem fim,

frutificadas da soberba e teimosia humana,

mas a que emana da mais bonita forma,

a que não se conforma em aprisionar-se na forma.

É o que se derrama em mim e de mim assim flui

pelos campos sem muros nem paredes, nem redes

nem anzóis, apenas sóis, porque sois o infinito

que se derrama na minha compreensão finita,

que se atrita assim com o que me desconforma.

Tudo isto, apenas se possível fosse.

Estas duas consoantes fricativas interpostas

postas em pretérito imperfeito subjuntivo feito

num ‘que eu seja, se eu fosse, quando eu for’...

Ou seja, um pôr no tempo mesquinharias condicionais.

Eu subjunto fonemas e dilemas passionais quando falo

e trago à luz o oculto e soterrado em tempos verbais.

Ajo no subterfúgio, fujo nos átrios subterrâneos

do que chamam sombra, alfombra do desterrado.

Adiciono o sono no que não compreendo.

Prendo e assim apreendo e aprendo viver.

Modo indicativo presente, infinitivo e definitivo de ser.

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