O que houve Senhor? Por que não me ouves?
Por que em mim sou parte espedaçada e despedaçada?
Ponho um ‘o’ genérico de ser nesta língua
masculina e feminina, hibrida e frígida,
onde homem se inicia num ‘h’ de hora,
até chegar à ‘honra’ de apequenar-se diante do Criador,
não mais espedaçado-despedaçado.
É a língua molhada que interrompe os sons,
entre dentes e lábios e dão à luz pela boca
sons guturais em ancestrais palavras.
É para que um significado nasça
e se faça em fronteiras e nações
circunscritas em saliva e pranto.
É meu canto. De esconder e de cantar.
Espedaço quando corto em partes
o que jamais será cortado.
Despedaço, quando espalho ao vento
o que jamais será difuso intento a esmo.
Mesmo que me pareçam sedutores
os senhores dos sons que esvoaçam
em espedaço e despedaço.
É tecitura em aço que me conforma,
não dos vis metais e suas combinações sem fim,
frutificadas da soberba e teimosia humana,
mas a que emana da mais bonita forma,
a que não se conforma em aprisionar-se na forma.
É o que se derrama em mim e de mim assim flui
pelos campos sem muros nem paredes, nem redes
nem anzóis, apenas sóis, porque sois o infinito
que se derrama na minha compreensão finita,
que se atrita assim com o que me desconforma.
Tudo isto, apenas se possível fosse.
Estas duas consoantes fricativas interpostas
postas em pretérito imperfeito subjuntivo feito
num ‘que eu seja, se eu fosse, quando eu for’...
Ou seja, um pôr no tempo mesquinharias condicionais.
Eu subjunto fonemas e dilemas passionais quando falo
e trago à luz o oculto e soterrado em tempos verbais.
Ajo no subterfúgio, fujo nos átrios subterrâneos
do que chamam sombra, alfombra do desterrado.
Adiciono o sono no que não compreendo.
Prendo e assim apreendo e aprendo viver.
Modo indicativo presente, infinitivo e definitivo de ser.
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